Apesar de ainda representar mais da metade dos empregos no Brasil, o trabalho informal vem perdendo postos ao longo dos últimos meses, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Atualmente a informalidade representa 54% da população ocupada no país, no entanto, chegou a representar mais de 70% dos postos de trabalho no começo de 2021.
Especialistas ouvidos pela CNN explicam que a projeção para 2022 é positiva, com aumento de vagas formais no mercado de trabalho.
Esse movimento de queda da informalidade está relacionado à retomada gradativa do comércio formal, apesar da alta esperada nos juros e na inflação.
Além disso, o crescimento dos serviços a famílias e o momento promissor para a tecnologia da informação, áreas que tiveram expansão devido à crise sanitária, aceleraram mudanças de hábitos e devem se manter no pós-pandemia, citam especialistas.
Vale dizer que a projeção é positiva apesar do ano com eleição presidencial, período que costuma trazer uma certa instabilidade econômica.
Para os pesquisadores, o avanço da imunização contra a Covid-19 continua sendo fundamental para a criação de novas vagas formais aos longos dos próximos meses.
Setores como saúde e educação pública e privada, que sofrem menos por alta de juros e ciclos econômicos, também deverão continuar tendo crescimento gradativo.
Segundo o IBGE, no trimestre finalizado em outubro, cerca de 93,9 milhões de brasileiros estavam ocupados. O número representa um aumento de 3,2 milhões de empregos frente ao trimestre anterior, que se encerrou em julho.
Entre a população ocupada, 33,9 milhões de trabalhadores possuem carteira assinada – um crescimento de 4,1% frente ao trimestre anterior.
Enquanto isso, o restante da população está trabalhando de maneira informal. Apesar de o grupo ainda representar cerca de 54% da população empregada, o número de informais era muito maior há meses atrás.
Dados do IBGE mostram que, no primeiro trimestre de 2021, a informalidade chegou a representar mais de 70% dos postos de trabalho criados no Brasil.
Esse grupo é composto por empregados do setor privado sem carteira assinada, trabalhador doméstico sem carteira, os que atuam por conta própria ou empregador sem CNPJ.
“Essa redução da informalidade tem a ver com a recuperação da economia. Percebemos o aumento dos empregos formais na economia, como as vagas para trabalhar na indústria e comércio. Esse tipo de emprego traz uma estabilidade maior para o funcionário”, diz Joelson Sampaio, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O especialista destaca, porém, que a informalidade no país ainda é bem representativa. “Estamos longe de reverter a ocupação dada por esse grupo. Boa parte das vagas que surgem no mercado ainda são informais”.
O economista do Ibmec Rio de Janeiro, Christiano Arrigoni, explica que os empregos formais são mais benéficos tanto para a economia brasileira como para o próprio funcionário, já que os trabalhadores informais recebem menos e não possuem estabilidade.
“O empregado formal pode cobrar todos os direitos trabalhistas, como férias e 13°. Em contrapartida, o informal vive em um acordo instável. Não tem as mesmas salvaguardas do que as formais, os empregos informais são mais precários. No mundo ideal, precisaríamos ter um maior número possível de pessoas trabalhando de forma formal, e uma minoria de forma informal”, finalizou Christiano.
Fonte: CNN
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